14 de agosto de 2010

Vi na Livraria: O Anatomista


O ANATOMISTA - Federico Andahazi
Os anatomistas - na Renascença - eram estudiosos do corpo humano. Mateo Colón era um desses anatomistas e, em meados do ainda obscuro século 16, se apaixona por uma meretriz veneziana - Mona Sofia. Mas a cortesã desdenha friamente dos sentimentos de Mateo. Ele inicia, então, a busca por uma poção, uma substância, qualquer coisa que possa fazer com que Mona se apaixone por ele. Pensando na mulher amada é que ele descobre as maravilhas operadas por uma parte da anatomia - e da alma - feminina totalmente desconhecida até então - o Amor veneris, ou, como é mais conhecido hoje, o clitóris. Porém, para transmitir seus novos conhecimentos a Mona, Mateo precisa antes enfrentar a Inquisição. Neste romance, Federico Andahazi combina todo o ardor e a elegância do seu estilo com uma visão do ser humano, atingindo a fórmula da sedução irremediável do leitor.

6 de agosto de 2010

Lolita [Vladimir Nabokov]

A mais famosa obra do russo Vladimir Nabokov, Lolita é um best-seller polêmico. Ao menos o era na época de seu lançamento, em 1955. Claro que hoje causa menos impacto, mas a falta de pudor e o aspecto imoral da obra são características impossíveis de ser ignoradas.

O livro nos traz Humbert Humbert (é assim, repetindo mesmo) narrando em primeira pessoa sua obsessão por meninas púberes (entre 8 e 14 anos), às quais ele denomina “ninfetas”. Após uma série de insatisfações na Europa, Humbert, então um homem de meia-idade, muda-se para os EUA, e acaba por hospedar-se na casa de Charlotte Haze. A partir do momento em que conhece a filha de 12 anos de Charlotte, Dolores Haze, Humbert desenvolve uma grande paixão e obsessão pela menina.

O protagonista nos fala abertamente de seu lado pedófilo, de forma até “natural”, o que pode espantar um pouco os desavisados. Mas, ao contrário do que podem pensar, não considero a narrativa como sendo vulgar, e palavras de baixo calão não são utilizadas. A franqueza, essa sim dá as caras em todos os momentos, já que Humbert detalha seus atos, pensamentos e opiniões.

(...) ao longo de toda uma vida de pedofilia, já adquirira uma certa experiência, havendo possuído visualmente incontáveis ninfetas salpicadas de sol nos parques e me espremido, com depravada cautela, nos cantos mais quentes e apinhados de ônibus repletos de escolares.

Em primeira pessoa, Humbert dirige-se ora ao leitor ora ao júri (do crime do qual ele é acusado). É um protagonista com o qual é impossível haver uma identificação da parte dos leitores por razões óbvias, mas ao mesmo tempo é inevitável torcer para que ele fique bem, de alguma forma. Humbert sofre bastante, e é claramente notado algum desvio de ordem psicológica em sua personalidade; suas adoradas ninfetas perceptivelmente representam a menina Annabel por quem Humbert se apaixonou ainda criança, e ele parece buscá-la em cada garota que cruza seu caminho.

Humbert não se sente atraído por mulheres adultas; ainda que reconheça a beleza de algumas, constantemente refere-se a elas de forma repulsiva. Sente também notável aversão por garotas universitárias. No trecho abaixo vemos um exemplo de como ele se refere – de forma um tanto machista, inclusive – às mulheres com quem saía ("satisfazendo" suas necessidades sexuais):
As fêmeas humanas que me era permitido manusear eram apenas agentes paliativos.

Lolita me pareceu uma obra bastante completa, na maior parte do tempo envolta em uma atmosfera densa, mas com direito a pequenas aberturas através das quais o espírito do protagonista parece inundar-se de felicidade – efêmera e um tanto questionável, porém sincera.

Sendo o próprio Humbert quem narra o romance, a personagem de Lolita fica restrita à visão dele. Somente sabemos dela o que Humbert nos conta, e é particularmente interessante como não conseguimos enxergar Lolita como uma “criança” de 12 anos (eu, pelo menos, não consegui). Apesar de ter lá seus momentos infantis, a meu ver, a garota assemelha-se mais a uma adolescente ou jovem adulta que alterna momentos de malícia, rebeldia e inocência conforme suas necessidades e interesses pessoais. Mas isso é o que Humbert nos permite – ou nos direciona – a enxergar. Ele pinta uma Lolita cínica, até interesseira, que mostra aversão a atitudes que sugerem romantismo e que parece brincar com os sentimentos dele o tempo todo. Apesar disso, não descarto a hipótese de Lolita ser apenas uma criança travessa, por vezes confusa com a série de acontecimentos em sua vida durante a puberdade, tendo que lidar com a descoberta do sexo e de sentimentos tão novos na vida de qualquer menina de sua idade. Ao mesmo tempo, acredito que a falta da figura paterna e o aparecimento de Humbert, a princípio como namorado de sua mãe, a faz projetar nele sentimentos que teria por seu pai.

Apesar de finalizarmos a leitura com uma sensação de não conhecermos direito quem é Lolita – não sabemos o que ela pensa nem o que motiva seus atos –, acabamos nos flagrando sensibilizados por um Humbert triste, incompleto e que busca incansavelmente por alguma peça perdida em sua vida.

Lolita é uma obra imperdível, capaz de fazer com que nos deparemos com opiniões e sentimentos conflitantes acerca das personagens e acontecimentos. Não é possível odiar completamente o homem que relata as tantas situações repugnantes do livro, mas de igual forma é impossível defendê-lo. Esse clássico de Nabokov me faz pensar que a relação entre Humbert e Lolita, além de possuidora de peculiar beleza, assemelha-se à vida de uma forma geral: contraditória, difícil de ser julgada, e irremediavelmente incompreendida em sua totalidade.

Em tardes particularmente tropicais, na pegajosa intimidade da sesta, eu gostava de sentir o frescor da poltrona de couro contra minha nudez maciça enquanto a tinha em meu colo. Lá ficava ela, como qualquer criança, a enfiar o dedo no nariz enquanto lia as seções menos exigentes do jornal, tão indiferente a meu êxtase como se estivesse sentada sobre um objeto qualquer – um sapato, uma boneca, o cabo de uma raquete de tênis – e fosse preguiçosa demais para afastá-lo.

Título: Lolita
Autor(a): Vladimir Nabokov
Publicação original: 1955

9 de julho de 2010

Release Giz Editorial - Relações de Sangue, de Martha Argel

Giz Editorial relança Relações de Sangue, romance de Martha Argel que é um clássico da literatura vampírica nacional. Publicado originalmente muito antes da recente febre de vampiros que arrebatou o coração dos leitores, o romance de estreia de Martha Argel ainda é adorado por uma legião de fãs.

Num estilo ágil e bem humorado, e misturando romance policial com vampiros, Relações de Sangue traz uma história de mistério, suspense e sedução ambientada na São Paulo dos dias de hoje, capaz de prender a atenção do início ao fim.

Com esta nova edição, uma vez mais a Giz Editorial brinda os leitores com a prosa elegante e tão característica de Martha Argel, que já há algum tempo firmou-se como um dos nomes mais importantes da Literatura Fantástica nacional.

Maria Clara Baumgarten levava uma vida bem normal, até conhecer a vampira Lucila, cujos olhos castanhos grandes e inocentes enganariam até o mais desconfiado dos humanos, quanto mais a pobre Clarinha.
Um vampiro traz o outro, e logo ela está às voltas com Daniel, um inescrupuloso vampiro de programa. Moreno, alto, bonito e sensual, ele precisa da ajuda da humana e da vampira para encontrar o assassino em série que está atacando suas “clientes”.
Mas... e se o assassino encontrar Clara primeiro?

LEIA A RESENHA AQUI

SOBRE A AUTORA:
Martha Argel é paulistana, escritora e bióloga com doutorado em Ecologia de Aves. Pela Giz Editorial, já participou da antologia Amor Vampiro. Entre vários livros de ficção e não-ficção, escreveu O Vampiro da Mata Atlântica e O Livro dos Contos Enfeitiçados. Também organizou a antologia crítica O Vampiro Antes de Drácula, junto com seu marido Humberto Moura Neto, além de ter colaborado em livros científicos, técnicos e didáticos.

SAIBA MAIS:
http://www.marthaargel.com.br/
vampirapaulistana.blogspot.com

3 de julho de 2010

Vi na Livraria: Coração Apertado


CORAÇÃO APERTADO - Marie NDiaye
Com uma linguagem e uma atmosfera que lembram o melhor de Kafka, Coração apertado é um romance perturbador, narrado em primeira pessoa pela protagonista Nadia. Ela e Ange são um casal de professores de escola primária no interior da França, extremamente dedicado a seu ofício. De uma hora para outra, começam a notar que seus vizinhos, alunos, colegas e desconhecidos passam a olhá-los e tratá-los de modo diferente e violento, sem um motivo aparente. Já no início da narrativa, Ange é ferido e seu corpo passa por metamorfoses visíveis – outro acento kafkiano.
Com uma escrita sóbria e densa, Marie NDiaye cria um suspense apavorante, com toque de humor ferino e dilacerante, que não se desvia das tensões sociais da França de hoje. Nas palavras de Beatriz Bracher, que assina o texto de orelha da edição, “Coração Apertado é surpreendente e terrível até o final”.

Coração Apertado no SKOOB

16 de junho de 2010

Release Editora Bertrand Brasil - Destino: Inferno, de Lee Child

Muita aventura, com doses extras de adrenalina e um final de tirar o fôlego. Essa foi a receita criada por Lee Child em seu novo lançamento no Brasil: Destino: Inferno, publicado pela Editora Bertrand Brasil. Este é o terceiro livro lançado no país com o protagonista Jack Reacher, um norte-americano durão, formado na Academia Militar de West Point, ex-capitão da Polícia do Exército e que, atualmente, roda pelos EUA lutando contra bandidos, sem residência fixa, documentos ou vínculo com qualquer pessoa.

SINOPSE:
Uma rua movimentada de Chicago na ofuscante luz do meio-dia. Jack Reacher está simplesmente passeando. Holly Johnson, jovem atraente e atlética, carregando cabides, atrapalhada com seu par de muletas, está claramente precisando de uma mãozinha. É claro que ele para a fim de oferecer ajuda à pobre moça. Mas o que Reacher encontra é uma arma apontada diretamente para sua barriga. Agora, os dois terão que se unir e confiar um no outro para enfrentar o inferno que os aguarda. E, reféns de um grupo de melicianos, precisarão sobreviver ao mais terrível pesadelo de suas vidas. Será que a forte coragem de Jack Reacher dará conta do inferno que está por vir?

Lee Child escreve de maneira clara, direta e dura, assim como é Jack Reacher. Sem entrelinhas ou enrolações, cada palavra no livro é um tiro certeiro e imediato. Destino: Inferno possui cenas marcadas, entrada e saídas definidas, cores, iluminação, clímax. Dessa maneira, o leitor tem a sensação de estar acompanhando Jack Reacher durante a sua intensa aventura. Os capítulos apresentam ligações perfeitas, que servem como boas (e necessárias!) pausas, para que o leitor recupere o fôlego e continue a leitura. A editora já publicou de Lee Child dois livros: Dinheiro Sujo e Um Tiro.

A Editora Bertrand está com uma ação em diversas mídias sociais: General Garber, militar responsável pelo treinamento e comando do herói Jack Reacher na época em que ele ainda fazia parte da Academia Militar, o apresenta para o mundo digital. Vale a pena conferir:

TWITTER: atualize-se a respeito de Jack Reacher e participe de promoções
ORKUT: perfil do General Garber
FACEBOOK: perfil do General Garber
COMUNIDADE OFICIAL NO ORKUT
PÁGINA OFICIAL NO FACEBOOK

13 de junho de 2010

Violino

Trata-se de um romance único – não faz parte de séries nem tem continuações – que conta a história de duas personagens devotas à música. Uma delas é Triana, que sonha em se tornar uma musicista, apesar de ter seu talento desacreditado. Já com seus 54 anos, perde seu segundo marido logo no início do livro. A outra personagem é Stefan, um jovem e atormentado fantasma de um aristocrata russo, que em vida havia sido aluno e amigo de Beethoven e de Paganini. Stefan utiliza seu violino mágico para enfeitiçar e dominar Triana, querendo levá-la à loucura através de sua música.

Violino traz uma história densa, em alguns momentos chega a ser perturbadora, e nem por isso menos bela. As personagens, dotadas de uma personalidade excepcional, são de certa forma forçadas a enfrentar suas mais terríveis memórias. Memórias que envolvem morte, perdas, culpa, frustrações, e lágrimas. A cada página, o inferno pessoal de Triana nos é revelado, trazido à tona principalmente pela música do violino de Stefan, personagem que se torna cada vez mais real e ameaçador na vida dela.

Stefan também nos abre suas mais aterradoras lembranças, tendo como pivô dos acontecimentos seu inseparável Stradivarius longo. A aparição do espectro de Beethoven é algo que deve ser mencionado; é especial, não pela forma como aparece, mas somente pelo simples fato de aparecer.

As extensas e detalhadas descrições de Anne Rice tornam a história bastante rica. Temos a sensação de que tudo é sólido e palpável, desde os mais profundos sentimentos até a própria música, tão vivas são as descrições. E chega a ser engraçado falar de vida quando o tema mais presente no livro é a morte. As duas personagens principais sofrem muito e, de certa forma, precisam uma da outra, apesar da relação entre Triana e Stefan ser hostil e agressiva. Triana martiriza a si mesma (e, com isso, Stefan também passa a martirizá-la) porque sente uma terrível culpa pela morte da mãe e da filha, e por ter permitido que a irmã mais nova partisse. Ela alimenta a culpa que sente e Stefan, por sua vez, parece alimentar-se do sofrimento de Triana. O humano e o sobrenatural caminham juntos em cada momento da trama. Indo mais além, podemos enxergar a história toda como uma espécie de batalha travada entre Triana e Stefan (e, principalmente, entre cada um deles com seu próprio eu) para a libertação de suas almas.

Violino não é exatamente o que eu chamaria de uma leitura fácil, embora devo deixar claro que a trama me encantou. A imensa carga de sofrimento cultivado dá a sensação de que a história fica, em muitos momentos, repetitiva e um pouco cansativa. Triana remói intensa e continuamente seu passado e o sofrimento que carrega consigo, o que nos faz achar que dá voltas e voltas para retornar ao mesmo ponto de onde começou. Contudo, não achei que a leitura foi, em nenhum momento, enfadonha. Apenas é preciso realmente mergulhar nos acontecimentos e nos sentimentos das personagens, caso contrário a trama parecerá sem sentido e possivelmente será abandonada antes do final.

Um aspecto especialmente formidável é que o livro nos leva a viajar com os protagonistas para locais e épocas diferentes, seja através de suas memórias ou dos acontecimentos que se desenrolam em tempos mais atuais. Nova Orleans, Viena, Veneza, e até Rio de Janeiro, só para citar alguns lugares. Triana nos fala em primeira pessoa, e ao mostrar-nos suas memórias, somos subitamente transportados para o local onde aconteceram e nos sentimos na própria pele da personagem. Já quando Stefan nos revela seu triste passado, transforma Triana, os leitores e ele próprio – Stefan fantasma – em espectadores da decadência de um Stefan ainda vivo e do início de sua trajetória como fantasma. É como estar na plateia VIP de um sombrio espetáculo.

Ler Violino foi uma ótima experiência. Li poucas coisas de Anne Rice, mas desde o primeiro livro percebi que gosto bastante da forma como ela escreve. Recomendo o livro para quem já leu alguma outra obra da autora. Para quem nunca leu Anne Rice, recomendaria começar por algum de seus outros livros (da série Crônicas Vampirescas, por exemplo) antes de encarar Violino.

“Aberto fica este túmulo, com todos alegre e carinhosamente juntos. Não há palavras para descrever uma união tão meiga e total; nossos corpos, nossos cadáveres, nossos ossos tão intensamente enroscados.
Não conheço qualquer separação. Nem da mãe, nem do pai, nem de Karl, nem de Lily, nem de todos os vivos e todos os mortos, já que somos uma só família neste túmulo viscoso e esfarelante, neste lugar que nos pertence, íntimo e secreto, nesta câmara que penetra na terra, onde podemos apodrecer e nos misturar quando as formigas vierem, quando a pele estiver coberta de fungos.”

Título: Violino
Autor(a): Anne Rice
Publicação original: 1997

3 de junho de 2010

Vi na Livraria: As Observações


AS OBSERVAÇÕES - Jane Harris
Escócia, 1863. A jovem irlandesa Bessy Buckley torna-se criada em uma propriedade rural em Edimburgo. Por saber escrever, é eleita a favorita da patroa, Arabella Reid. Intrigada com a insistência de Arabella em que ela mantenha um diário relatando desde as tarefas mais frívolas até seus pensamentos mais reservados, Bessy logo se vê explorando o mundo de segredos de Arabella, segredos que ocultam as misteriosas circunstâncias da morte de Nora, sua predecessora no Castelo Haivers.

As Observações no SKOOB

29 de maio de 2010

Lançamento - Zumbis: Quem disse que eles estão mortos?

No dia 06/06/2010 (domingo) acontecerá o lançamento do livro Zumbis: Quem disse que eles estão mortos?, uma coletânea com a participação de vários autores e com Ademir Pascale como organizador.

Local: Ludus Luderia, Bar e Café - Rua Treze de Maio, 972, Bela Vista, São Paulo
Horário: das 17h às 21h.
Entrada franca
Clique no convite ao lado para vê-lo ampliado.

Compareça para um bate-papo, aproveite e pegue o seu autógrafo!

Em pleno século XXI eles foram quase esquecidos, mas nos espreitam constantemente pelas sombras. Sabe aquele friozinho na espinha que sentimos quando parece que alguém está escondido nos espiando? Pode acreditar, são eles: criaturas cadavéricas, mortos-vivos, seres infernais e catatônicos, ou popularmente chamados de “zumbis”. Afinal, quem disse que eles estão mortos?

Fuja das sombras. Passe longe das tumbas. Corra o máximo que puder. Conheça a trajetória desses horríveis canibais em contos contundentes com heróis, mocinhas e cidades infestadas pelos malignos servos dos rituais necromânticos.

SKOOB: Zumbis: Quem disse que eles estão mortos?
VÍDEO: Zumbis: Quem disse que eles estão mortos?

17 de maio de 2010

Crônica de uma Morte Anunciada

O anúncio da morte de Santiago Nasar marca o início de Crônica de uma Morte Anunciada. Tudo começa com o casamento (sem amor) de Bayardo San Román e Ângela Vicário. Ela, não sendo virgem, é aconselhada por suas amigas a fingir a pureza inexistente, porém acabou não o fazendo e foi devolvida pelo marido na primeira noite. Interrogada pelos irmãos a respeito de quem teria sido o responsável por desvirginá-la, Ângela, sem pensar muito, entrega o nome de Santiago Nasar, e assim acaba por escrever a sentença final do rapaz.

A fim de devolver a honra a sua família, os gêmeos Pedro e Pablo Vicário decidem matar Santiago Nasar com as facas de abater porcos, e o anunciam incansavelmente a cada um que cruza seu caminho, na esperança de que alguém os impeça de cometer o crime. O anúncio da morte provoca preocupação em alguns, mas também descrença em outros e, dentro de poucas horas, toda a comunidade já sabe que matarão Santiago Nasar, com exceção dele próprio. No entanto, ainda que todos soubessem da desgraça que ocorreria, ninguém realmente impediu a morte.

Apesar de conhecermos a trágica sentença de Santiago Nasar logo na primeira página de Crônica de uma Morte Anunciada, a narrativa é tão instigante que torna impossível largar o livro antes de chegar ao final. Os acontecimentos são contados com uma velocidade feroz – assemelhando-se a uma produção jornalística – por um narrador que deseja desvendar a história juntando as peças de um quebra-cabeça. Ele colhe depoimentos das pessoas da comunidade e, tal como ocorre em uma investigação, existe a divergência. Muitos se lembravam do dia como uma “manhã radiante”, já outros insistiam no tempo ruim e céu sombrio.

Desde o momento em que Ângela Vicário nos revela o nome de Santiago como sendo aquele que a desvirginara, o narrador carrega a dúvida (e nós, leitores, também) sobre se Santiago seria mesmo o autor do ato ou se, culpando-o, Ângela na verdade encobria o nome de um possível amante. Os infelizes acontecimentos ecoaram por muitos anos na vida de Bayardo San Román e Ângela Vicário, fazendo-se presentes em forma de solidão; mas, também, acabaram por revelar para ambos uma luz no fim do túnel.

O momento em que os gêmeos Vicário matam Santiago Nasar é realmente singular, mas não vou revelá-lo por completo, de chofre, aos possíveis futuros leitores do livro. Assim, atenho-me a destacar o momento em que Pablo Vicário lhe deu uma facada no ventre e “os intestinos completos afloraram como uma explosão”. Alucinado, Santiago Nasar caminha “amparando com as mãos as vísceras penduradas” e, ao ser perguntado sobre o que lhe havia passado, ele apenas responde: “Me mataram (...)”.

É interessante como a obra nos mostra preconceitos e comportamentos demasiado arcaicos (se pensarmos nos dias de hoje) tão cravados na comunidade que acabam sendo normalmente aceitos, inclusive pelos vitimados, levando a que o crime adquira o papel de consequência irremediável e até necessária. Ao haver tanta gente avisada da morte e curiosa quanto aos últimos momentos de Santiago Nasar, é de admirar que ninguém o tenha visto lá pelos finais de seu trajeto para alertá-lo. Em resposta, o autor nos coloca uma frase, mais como uma reflexão, com a qual finalizo este texto: “A fatalidade nos faz invisíveis”.

Título: Crônica de uma Morte Anunciada
Autor(a): Gabriel García Márquez
Publicação original: 1981

11 de maio de 2010

Vi na Livraria: O Devorador de Sonhos

Se minha fila de leitura não estivesse consideravelmente extensa, com certeza teria comprado este livro para ser devorado o quanto antes. Pareceu-me muito bom; apesar de tê-lo colocado aqui no Vi na Livraria, tenho planos de lê-lo no futuro (talvez a médio ou longo prazo).

O DEVORADOR DE SONHOS - Gordon Dahlquist
A história de O Devorador de Sonhos começa com um bilhete sucinto: uma carta de Roger Bascombe, noivo de Celeste Temple, escrita em papel timbrado e entregue pela criada numa bandeja de prata, dando fim ao relacionamento dos dois. Assim, sem maiores explicações e sob o clima austero da Inglaterra vitoriana, começa o romance de estreia do dramaturgo Gordon Dahlquist. A senhorita Temple, que foi para Londres em busca de um marido e não de aventuras, não se contenta com as explicações do bilhete e, tomada a decisão de investigar o motivo, vai parar num sinistro baile de máscaras.
Este é apenas o ponto de partida de uma jornada para bem longe do mundo respeitável que Temple estava acostumada. Para a jovem, a inexplicada rejeição funciona como estopim de uma busca aflita e atordoante, capaz de colocá-la em perigo iminente. Para se proteger, Temple contará com aliados importantes. O Cardeal Chang, homem de reputação tão baixa que foi contratado para matar um homem, se vê surpreso ao descobrir que seu alvo mascarado já foi assassinado antes mesmo de ele alcançá-lo. Ao perceber que não pode mais confiar em quem o contratou, se lança à caça de quem quer que esteja se antecipando aos seus passos.
E também o Doutor Svenson, que nunca pediu para ser anfitrião de um príncipe, mas se dedica ao posto da mesma forma. Até mesmo quando o gosto do príncipe pela devassidão o põe à mercê de tipos sinistros e de um processo diabólico que tem efeitos nefastos sobre a mente humana. O caminho destes três personagens os levará até o interior de uma propriedade em ruínas: a Mansão Harschmort. Palco de violência e libertinagem, a casa evoca as lembranças mais íntimas dos personagens de O Devorador de Sonhos, porque exatamente ali todos eles perderam alguém muito querido.

O Devorador de Sonhos no SKOOB

6 de maio de 2010

Feios

FEIOS me chamou a atenção, primeiramente, pelo título. Postei anteriormente a sinopse aqui no blog, mas não aguentei de curiosidade e tive que encaixar o livro na minha fila de leitura – furando a fila, diga-se de passagem. Eu sei, a resenha está imensa; os pensamentos começam a surgir e as palavras borbulham, é difícil controlar! Por isso, agradeço desde já quem tiver a paciência de ler até o fim!

Tally Youngblood é feia. Não, isso não significa que ela seja alguma aberração da natureza. Não. Ela simplesmente ainda não completou 16 anos. Em Vila Feia, os adolescentes ficam presos em alojamentos até o aniversário de 16 anos, quando recebem um grande presente do governo: uma operação plástica como nunca vista antes na história da humanidade. Suas feições são corrigidas à perfeição; a pele é trocada por outra, sem imperfeições ou – nem pense nisso – espinhas; seus ossos são substituídos por uma liga artificial, mais leve e resistente; os olhos se tornam grandes; e os lábios, cheios e volumosos. Em suma, aos 16 anos todos ficam perfeitos.
Tally mal pode esperar pelo seu aniversário. Depois da operação, vai finalmente deixar Vila Feia e se mudar para Nova Perfeição, onde os perfeitos vivem e se divertem (o tempo todo).
Uma noite, ela conhece Shay, uma feia que não está nem um pouco ansiosa para completar 16 anos. Pelo contrário: Shay pretende fugir dos limites da cidade para ir viver na Fumaça, um grupo/comunidade de fugitivos, e sobreviver retirando seu sustento da natureza.
Para Tally, isso é uma maluquice. Quem iria querer ficar feio para sempre ou se arriscaria a voltar para a natureza e queimar árvores para se aquecer, em vez de viver com conforto em Nova Perfeição e se divertir à beça? Mas, quando sua amiga desaparece, os Especiais, autoridade máxima desse novo mundo, propõem um acordo a Tally: se unir a eles contra os Enfumaçados ou ficar feia para sempre. A escolha de Tally irá mudar o mundo ao seu redor, mas, principalmente, ela mesma.

Confesso que as primeiras páginas não foram tão interessantes e animadoras quanto eu esperava. Até cheguei a ter a sensação de que seria tudo “adolescente demais”. Realmente me pareceu um livro mais voltado a adolescentes, mas não é nem um pouco restrito a esse público. Conforme ia avançando na leitura, a história ganhava mais corpo e me atraía mais.

O cenário é futurista e nos deparamos com objetos inimagináveis, como anéis de interface e pranchas voadoras, permitindo que a imaginação voe alto ao ler cada linha. Algumas passagens, no entanto, podem parecer um pouco confusas. Refiro-me aos acontecimentos durante as viagens dos personagens, que algumas vezes mostram-se meio difíceis de serem imaginados, dando a sensação de que a imagem que fazemos não é exatamente o que o autor quis dizer com a respectiva descrição. Mas são só detalhes, nada que atrapalhe a leitura. Aliás, devo dizer que a leitura é bem simplificada e nada cansativa; o mundo no qual os personagens estão inseridos é acompanhado por explicações simples e coerentes acerca do funcionamento das coisas.

Gostei dos personagens principais, porém fiquei com a sensação de que a trama não me permitiu que os conhecesse muito bem. Não sei se foi só uma sensação, mas senti que faltou algo em relação a eles, talvez sentimentos e pensamentos mais elaborados, não sei. Algumas coisas que pensei a princípio depois se mostraram errôneas, e ao final não consegui formar uma opinião concreta a respeito de cada um deles. Imagino que nos próximos volumes da série haverá mais da essência dos personagens. Mas este foi só um comentário bem particular, não se trata exatamente de um ponto negativo, foi uma impressão que tive e não sei se é provável que mais alguém compartilhe dela.

melhor característica do livro, a cereja do bolo, são as reflexões que ele provoca e as múltiplas questões que ele desperta. Até que ponto a evolução realmente significa evolução? Por um lado, o evoluído mundo mostrado no livro é altamente sustentável, as necessidades parecem ser sempre satisfeitas, e não há motivo aparente para guerras, desentendimentos ou sentimentos medíocres. Apesar de tantas vantagens, tudo se torna obsoleto com imensa facilidade, desde os mais simples objetos até sentimentos e relações, e inclusive as próprias pessoas. Se algo não tem mais utilidade, é descartado. O desapego é tanto que as pessoas não se importam em perder seus traços de nascença, se isso lhes garantir a perfeição. Auto-estima é algo inexistente e, sem possuir uma base sólida, construída através de valores e confiança, as pessoas passam a apoiar-se no status, na aparência, no “ter” na pele de um falso “ser”. E será que tudo isso está só nas páginas do livro?

Outro ponto interessante que podemos notar (e pensar sobre) é a questão da alienação. Em um pequeno diálogo entre Tally e Shay, isso é bem evidente:
– É tudo tão grandioso – murmurou Tally.
– É isso que ninguém percebe lá de dentro – disse Shay. – Como a cidade é pequena. Como eles têm de manter a pequenez de todos para que permaneçam presos.
Os perfeitos (e os feios na ansiosa espera por tornarem-se perfeitos) são manipulados de forma a acreditar que só existe um modo de vida – perfeito, por sinal –, e que não há nada diferente daquilo que conhecem. O mundo se restringe aos limites do que é conhecido por eles. E quando há alienação não há poder de escolha; a existência de possíveis opções é ignorada por todo mundo, ou quase. Pensando nisso, é possível comparar Feios com o filme A Vila, guardadas as devidas proporções. No filme dirigido por M. Night Shyamalan, uma comunidade vive isolada, com seus costumes, tradições, hierarquias e um modo de vida um tanto ultrapassado. Um pequeno grupo representa a autoridade máxima lá dentro, criando artifícios baseados no medo para que a comunidade e o modo de vida sejam intocados, ocultando de todos os habitantes (portanto, mantendo-os alienados) o fato de que fora da comunidade existe um mundo muito mais avançado, uma realidade totalmente diferente da vivida por eles. Essa comunidade do filme parece estar em uma época distante (tipo séculos passados) e ignora completamente que, na verdade, está inserida em um mundo como o atual.

Também é possível perceber em Feios alguma semelhança com o Mito/Alegoria da Caverna , de Platão, que conta mais ou menos o seguinte:
Existem alguns prisioneiros em uma caverna, acorrentados nela desde o seu nascimento. Eles estão presos de tal forma que tudo o que enxergam são sombras projetadas na parede diante deles. As sombras são reflexo de uma fogueira localizada atrás, na parte superior. Como tudo o que os prisioneiros conhecem são as sombras, eles acham que aquela é toda a realidade que existe. Um dos prisioneiros consegue se soltar e sair da caverna. Fica encantado com a realidade, percebendo que foi iludido completamente pelos seus sentidos dentro da caverna. Agora ele estava diante das coisas em si, e não de suas sombras. Diante do conhecimento, retornou à caverna e contou para os demais prisioneiros o que havia visto. Eles não acreditaram, e preferiram continuar na caverna, vendo e acreditando que o mundo é feito de sombras.
O Mito da Caverna é uma metáfora da condição humana perante o mundo. E aí entra a questão da essência X aparência. Em um resumo bem esdrúxulo, a realidade estaria no mundo das ideias (essência), porém a maioria dos indivíduos vive na ignorância, no mundo ilusório das coisas sensíveis (aparência), das imagens. Desta forma, as coisas que nos chegam através dos sentidos (tato, visão, audição, etc), são apenas as sombras das ideias. Quem estiver preso apenas ao conhecimento das coisas sensíveis não poderá alcançar o mundo das ideias (conhecimento inteligível). No livro, Tally e Shay conseguem sair da “caverna”, representada pela crença de que a vida em Nova Perfeição é a única realidade existente. E então surgem em nós, leitores, as perguntas: “o que fazer com a nova realidade descoberta? Como ‘abrir os olhos’ dos demais?”.

O livro também nos faz questionar sobre até que ponto as autoridades são absolutas e podem/devem interferir nas escolhas de cada indivíduo. A questão da manipulação... E os padrões impostos por meios externos (a mídia, por exemplo)... E a sociedade de massa... E a ideia de sermos observados todo o tempo... Etc, etc... Enfim, o livro dá margem a discussões variadas e consegue exitosamente unir entretenimento e reflexões mais profundas de forma simples e leve. Feios é para os leitores que querem ir além, enxergar o que está implícito na trama, fazer comparações e questionamentos; mas Feios também é para os que desejam apenas uma leitura descompromissada, leve e divertida. É um livro que pode ser lido e encarado de formas distintas. Inclusive, comparam-no a 1984, de George Orwell; embora ainda não o tenha lido, achei interessante a comparação.

Feios certamente fará com que os leitores fiquem instigados a ler o próximo livro da série (a menos que o leitor não tenha gostado mesmo do livro). Seja pelas tantas questões que parecem ser deixadas em aberto acerca da própria trama e dos personagens, seja pelo final que “não parece um final” (e confesso que deu uma raivinha por ter terminado justo naquela hora)... A história não é concluída neste primeiro volume, o que pode ser um tanto frustrante, mas, nesse caso, só nos resta esperar pelo próximo livro da série.

Título: Feios
Autor(a): Scott Westerfeld
Publicação original: 2005

LEIA A RESENHA DE PERFEITOS
LEIA A RESENHA DE ESPECIAIS

5 de maio de 2010

Promoção Draculea - Resultado!

Confiram abaixo o resultado da promoção Draculea - O Livro Secreto dos Vampiros, cujo vencedor(a) levará um exemplar autografado do livro:


E a vencedora foi....

PARABÉNS, Stephanie Millena!! =)
Agora mesmo enviarei um email à vencedora, que terá o prazo de 3 dias para responder.

4 de maio de 2010

Promoção Draculea - Lista de Participantes

No final do dia 03/05 (ontem) foi encerrada a promoção Draculea - O Livro Secreto dos Vampiros. Fiquei contente com a participação de todos! Foram 75 participantes únicos e 217 números concorrerão ao sorteio.

O sorteio será feito amanhã (05/05) e amanhã mesmo divulgarei o vencedor(a), que terá 3 dias para responder ao email que será enviado. Caso não receba nenhuma resposta, será feito um novo sorteio.

Se o vencedor(a) não tiver seguido todas as regrinhas da promoção corretamente (links de divulgação corretos, ser seguidor dos blogs informados, seguir no Twitter quando preenchido que é seguidor, comentário no post da promoção), um novo sorteio será realizado. Realmente espero que isso não ocorra, não gostaria de ter que desclassificar ninguém. =/

CONFIRA A LISTA DE PARTICIPANTES AQUI
Os números para o sorteio são os que constam na coluna amarela da planilha.

30 de abril de 2010

Vi na Livraria: A Casa de Chá

Este me encantou, primeiramente, pela capa. Como não podia deixar de ser, li a sinopse e fiquei bastante curiosa em relação à história. Tenho interesse pela cultura japonesa (já que sou descendente por parte materna), embora não conheça muita coisa: em minha família não há nada preservado em termos de tradições, costumes, etc. Acho que isso acontece em grande parte porque somos na maioria mestiços (ou filhos de mestiços) e as culturas acabam se misturando mesmo, o que eu acho fantástico e enriquecedor – a única parte negativa é que quase não sabemos nada das culturas “originais” dos nossos antepassados.

A CASA DE CHÁ - Ellis Avery
Depois de ser molestada pelo tio, a menina Aurélia foge durante um incêndio que varre Kyoto. Sua sorte muda quando é acolhida pelo professor Shin, o mestre de chá mais importante da cidade, e se torna acompanhante de sua filha, por quem nutrirá desejos secretos. A luta de Aurelia para se encaixar em uma sociedade fechada e cheia de mistérios reflete as mudanças culturais japonesas do final do século XIX. E conforme a cultura ocidental invade o país, os Shin precisam encontrar um caminho para perpetuar a tradição do chá.


A Casa de Chá no SKOOB

29 de abril de 2010

Nova coluna/seção: Vi na Livraria

Vi na Livraria é uma proposta de "coluna/seção" que estou criando aqui no Escrevendo Loucamente. Pode até ser um meme, se vocês gostarem e quiserem aderir!

É o seguinte: quando vocês virem um post com o banner Vi na Livraria, trata-se da sinopse de algum livro que vi na livraria (óbvio =P ) e que me interessou, embora lê-lo não esteja nos meus planos mais imediatos.

Pode ser lançamento ou não. Não se trata de um livro que está na minha fila de leitura e que, com certeza, resenharei aqui mais adiante. Pelo contrário: é um livro que despertou meu interesse, mas não pretendo lê-lo tão cedo (sabemos que as filas de leitura são grandes e, infelizmente, não conseguimos ler todos os livros que vemos e achamos interessantes); um livro que até gostaria de ler mas que não está na minha fila de leitura (e não sei se o incluirei). É algo como “olha o que eu vi na livraria, parece ser bem interessante!”. É uma chance de mostrar para os leitores algum livro que parece ser legal e que tenha passado despercebido. E se alguém já tiver lido o livro em questão, comente no post dizendo o que achou, se é realmente tão bom quanto parece!

Para quem quiser aderir e fazer com que vire um meme, serão super bem-vindas(os)! Basta postar a sinopse de algum livro que chamou sua atenção na livraria junto com o banner Vi na Livraria (acima), e... voilà! Ah, e não se esqueçam de comentar nos posts Vi na Livraria aqui no Escrevendo Loucamente colocando o link do seu último post Vi na Livraria, para que eu possa ler! Não tem muita regra quanto ao dia de postar nem quanto à frequência (pode ser semanal, quinzenal, mensal).

Ainda esta semana, postarei o 1º Vi na Livraria! =)

25 de abril de 2010

Os Relógios

Um homem morto é encontrado na sala de visitas de uma senhora cega, Miss Pebmarsh, e aparecem quatro misteriosos relógios – que não pertencem à dona da casa – marcando quatro horas e treze minutos. Sheila Webb, funcionária do Escritório Cavendish de Secretariado e Datilografia, é chamada para um trabalho externo, justamente na casa de Miss Pebmarsh, e encontra o cadáver. Mas, Miss Pebmarsh afirma não ter solicitado nenhum serviço do Escritório Cavendish...

Um livro que prende do início até a última página! Bem característico de Agatha Christie, Os Relógios revela uma história de mistério extremamente engenhosa. À medida que se desenrolam os fatos, o leitor é envolvido de tal forma que se vê, ele mesmo, analisando as pistas e tentando desvendar o crime. E sinto informar que dificilmente terá êxito, uma vez que a trama não deixa escapar as respostas antes do final. Os acontecimentos são muito bem arquitetados, há um motivo e uma explicação por trás de todo o ocorrido, e cada um dos personagens é dotado de personalidade singular. Para resolver o mistério de Os Relógios temos o Detetive-Inspetor Hardcastle, Colin Lamb e, claro, a presença ilustre de Hercule Poirot – capaz de encontrar a solução “sem sair de sua poltrona”.

Um aspecto que merece comentário positivo é o fato do livro não se limitar apenas ao crime e investigação. Claro que estes dois pontos são o propósito do livro, mas há também uma pequena parcela de aspecto humano envolvido, algo do tipo “segredos pessoais do passado que agora vêm à tona”. Em algum momento, até podemos pensar que toda essa parte poderia ser mais bem desenvolvida na história; no entanto, é preciso considerar que, se assim fosse, o foco no crime seria em parte perdido, e a trama seria conduzida a um lado talvez mais emocional do que devesse ser. Enfim, com essa breve reflexão concluo que a trama é dosada de forma ideal em cada um dos seus aspectos. Apesar das pitadinhas de emoção, a história é bastante racional e, neste caso, é isso que a faz ser devorada avidamente pelo leitor (que busca respostas racionais e coerentes aos fatos ali apresentados).

Não sei se deveria fazer o comentário a seguir, já que o achei demasiado pessoal, mas resolvi fazê-lo mesmo assim. Acho que acabei tão envolvida com a história que, não sei explicar o porquê, o final não superou minhas expectativas – apenas atendeu-as. Mas adianto: acredito que o problema foi totalmente comigo. Sinceramente, se me perguntarem, não sei explicar por quê, ou mesmo o que eu mudaria no final. Simplesmente não sei. Criei expectativas imensas (mesmo!) no decorrer da história, talvez tenha sido esse o motivo. O livro é muito bom e o final foi coerente e revelador. Apenas, ao terminar a leitura, não me vi boquiaberta e pensando no final durante um bom tempo, como achei que ficaria.

Colocando todos os comentários e reflexões na balança, finalizo dizendo que Os Relógios é um ótimo livro e recomendo-o fortemente. Até hoje, nunca li nada da Agatha Christie que não valesse a pena ter lido, e este livro não foge à regra!

Título: Os Relógios
Autor(a): Agatha Christie
Publicação original: 1963

22 de abril de 2010

SINOPSE: Feios - Scott Westerfeld


"Em um mundo de extrema perfeição, ser normal é feio."

Originalmente lançado em 2005, Feios (o primeiro livro da série), foi lançado este ano no Brasil pela editora Galera Record. Eu não conhecia nada sobre o livro, apenas me chamou a atenção o lugar de destaque que tem ocupado nas livrarias recentemente. O título despertou minha curiosidade e me levou a ler a sinopse e a dar uma breve vasculhada nas páginas. Estou bem interessada em lê-lo, mas confesso que também estou com um leve receio de me decepcionar. Mas é só um receio; não devo (e não vou) fazer julgamentos precipitados.

Em Vila Feia, no aniversário de 16 anos, os adolescentes passam por uma operação plástica como nunca vista antes na história da humanidade, deixando-os perfeitos. Tally Youngblood mal pode esperar pelo seu aniversário. Depois da operação, vai finalmente deixar Vila Feia e se mudar para Nova Perfeição, onde os perfeitos vivem e se divertem o tempo todo.
Então, ela conhece Shay, uma feia que não está nem um pouco ansiosa para completar 16 anos. Shay pretende fugir dos limites da cidade e se juntar a um grupo de foras-da-lei que sobrevive retirando seu sustento da natureza. Mas, quando Shay desaparece, Tally irá conhecer um lado totalmente diferente desse mundo perfeito.

Sobre o autor:
Nascido no Texas, Scott Westerfeld é autor de diversos romances aclamados para adultos e jovens, entre eles Tão Ontem, Os Primeiros Dias, e a série Feios, best seller do New York Times.

Saiba mais:
Site da série Feios
Página do livro no Skoob

18 de abril de 2010

As Brumas de Avalon – O Prisioneiro da Árvore (Livro 4)

As Brumas de Avalon – O Prisioneiro da Árvore, o último livro da saga, revela-nos uma Camelot e uma Avalon em decadência. Talvez a palavra “decadência” não seja a mais adequada, mas o que podemos perceber é que o mundo mostra-se em constante mudança, nada mais é como antes havia sido, e a velocidade dos acontecimentos intensifica-se mais a cada instante.

Morgana segue agindo conforme a vontade da Deusa, com o objetivo de concluir sua tarefa e, assim, realizar os planos de Viviane. E, ainda, Morgana lamenta não ter agarrado o poder que outrora esteve em suas mãos, o de ter a consciência do rei, tornando-se poderosa por trás do trono a fim de evitar que Artur sofresse toda a influência de Gwenhwyfar. Assim, Morgana faz o que está ao seu alcance para impedir que Artur siga traindo Avalon, ainda que suas escolhas lhe tragam mais sofrimento e angústia. É neste livro que acontece o aparecimento do Graal, fazendo com que tanto nós, leitores, quanto os próprios personagens, não saibamos ao certo se foi um milagre que veio para o bem ou para o mal. A Távola Redonda, repleta com os cavaleiros e companheiros de Artur, acaba por tornar-se uma imagem efêmera que, no decorrer do livro, deixa-nos com sentimentos demasiado nostálgicos.

Apesar de toda a sua beleza, As Brumas de Avalon – O Prisioneiro da Árvore é um livro bastante triste e revelador. Acompanhamos o trágico destino dos personagens e sentimo-nos impotentes, não no sentido de ação, mas sim por afinal concordarmos que não haveria outro caminho a ser tomado.

Algumas passagens dos primeiros capítulos me deixaram um pouco confusa; não conseguia visualizar inteiramente o que o texto propunha. Cheguei inclusive a reler algumas páginas para melhor construir uma imagem mental do que estava sendo narrado. Também, o final de Artur e Gwydion (ou Mordred) deixou a desejar. Já era esperado desde o início que ambos se enfrentariam, mas quando o momento finalmente acontece, é brevemente descrito, sem maiores detalhes. Ainda assim, não acho que esses dois pontos que acabei de mencionar tenham interferido negativamente na obra; apenas deixo-os aqui como mais uma de minhas impressões.

Também devo comentar que neste livro é possível conhecer mais e verdadeiramente a essência dos personagens. Algumas opiniões que construímos no início da saga provavelmente se modificarão. Gwenhwyfar, que logo ganhou meu desagrado e antipatia, revela-se aqui uma mulher forte e admirável, apesar de seu fanatismo como cristã – me revolta a forma como ela se culpa e se pune por tudo! Artur é, de verdade, um homem nobre e digno de ser amado até seus dias finais. De Morgause, conhecida por sua extrema ambição, nos é mostrado seu lado mais perverso, e chego a me perguntar se algum dia realmente amou alguém em sua vida. Morgana é esplêndida, tanto em suas qualidades como em seus defeitos, e é a personagem que mais admirei em toda a obra.

Ao ler o primeiro volume eu já suspeitava que esta seria uma obra inesquecível para mim. Agora tenho definitiva certeza! A obra me encantou de tal forma que já a considero uma de minhas leituras preferidas e que mais me marcaram. Recomendo-a a todos e que se deixem envolver pelo universo místico de Avalon e Camelot. Certamente não irão se arrepender!

Título: As Brumas de Avalon – O Prisioneiro da Árvore (Livro 4)
Autor(a): Marion Zimmer Bradley
Publicação original: 1982

LEIA TAMBÉM:
As Brumas de Avalon – A Senhora da Magia (Livro 1)
As Brumas de Avalon – A Grande Rainha (Livro 2)
As Brumas de Avalon – O Gamo-Rei (Livro 3)

15 de abril de 2010

Alice no País das Maravilhas / Através do Espelho e o que Alice Encontrou Por Lá

Apesar de ter considerado Alice no País das Maravilhas (Walt Disney) como um dos meus filmes preferidos quando criança (e até hoje sigo gostando!), nunca havia lido a obra original de Lewis Carroll. E agora que a li, posso dizer que me causou um impacto bastante positivo.

Neste livro, na verdade, estão as duas histórias protagonizadas por Alice: Aventuras de Alice no País das Maravilhas e Através do Espelho e o que Alice Encontrou Por Lá. Nonsense e surreal são duas palavras que, de fato, definem a obra. Vemos em Alice uma menina corajosa, inteligente e racional, a quem as coisas mais fantásticas simplesmente vão acontecendo, sem muita lógica nem explicação. Uma atmosfera que flutua entre sonho e realidade é uma característica sempre presente. Embora alguns personagens sejam mais “fixos” e estejam presentes no decorrer da história, muitos outros personagens surgem e desaparecem de forma veloz, porém sempre com algo a ser dito – quer seja entendido ou não.

Para quem não conhece, em Através do Espelho e o que Alice Encontrou Por Lá, Alice atravessa para o outro lado do espelho e lá encontra um mundo diferente, com muitos conceitos invertidos e acontecimentos imprevisíveis, tendo como tema o jogo de xadrez. Já no conhecido Aventuras de Alice no País das Maravilhas, Alice cai em uma toca de coelho e é transportada para um mundo fantástico, repleto de personagens inusitados. O livro não é de todo igual à história contada no famoso desenho da Disney. Alguns trechos e diálogos não estão no filme, além de outros detalhes, por exemplo, o conceito de desaniversário, que no livro só aparece na história “Através do Espelho...”.

Trecho de Aventuras de Alice no País das Maravilhas:
“Tome mais um pouco de chá”, a Lebre de Março disse a Alice, de maneira muito sincera.
“Como ainda não tomei nenhum”, Alice respondeu num tom ofendido, “não posso tomar mais.”
“Você quer dizer que não pode tomar menos”, falou o Chapeleiro; “é muito fácil tomar mais do que nada.”

Trecho de Através do Espelho e o que Alice Encontrou Por Lá:
“Gostaria de comprar um ovo, por gentileza”, disse timidamente. “Como os vende?”
“Cinco pence por um... Dois pence por dois”, a Ovelha respondeu.
“Então dois custam menos que um?” perguntou Alice surpresa, pegando a bolsa.
“Só que, se comprar dois, tem de comê-los”, disse a Ovelha.
“Nesse caso, quero um, por favor”, disse Alice, pondo o dinheiro no balcão. Pois pensou consigo mesma: “Os dois não devem ser grande coisa.”
(...)
Assim foi ela, espantando-se mais e mais a cada passo, pois todas as coisas viravam árvore tão logo as alcançava, e ela estava certa de que o ovo faria o mesmo.

O livro diverte. A cada capítulo a curiosidade se faz mais e mais presente, já que é totalmente impossível prever que personagem estranho aparecerá e o que acontecerá a seguir. Apesar de ser classificado como infanto-juvenil (e em várias passagens ser bem evidente o lado infantil), não é de todo um livro só para crianças. A obra traz em si alguns simbolismos e pode ser interpretada de diversas maneiras. Diversas passagens sugerem a existência de referências e conceitos matemáticos (Lewis Carroll, além de escritor, foi também matemático). Trocadilhos e referências da época também estão presentes, porém são praticamente impossíveis de serem entendidos hoje em dia, além de só fazer sentido na língua inglesa. Se tiver interesse em saber mais (principalmente sobre as tais referências matemáticas), visite a página da obra na Wikipédia.

Esta edição da Editora Zahar é realmente obrigatória de se ter na estante. Além de ter as duas histórias – clássicos da literatura –, traz os textos na íntegra e ilustrações originais de John Tenniel.


Outra edição que também merece destaque é a da Cosac Naify (lançada em outubro de 2009). Contém somente a história Alice no País das Maravilhas, texto integral com tradução de Nicolau Sevcenko. O grande charme desta edição da Cosac Naify são as ilustrações, feitas por Luiz Zerbini (artista plástico paulista), que nos mostram cenários feitos de cartas de baralho com recortes que revelam os personagens, tudo feito em forma de maquete e fotografado com iluminação teatral. Lindo!

Agora só falta esperar mais um pouquinho para conferir no cinema a fantástica produção de Tim Burton + Walt Disney. Como admiradora de Tim Burton e fã incondicional de tudo o que é Disney, mal posso esperar!

Título: Alice – Aventuras de Alice no País das Maravilhas / Através do Espelho e o que Alice Encontrou Por Lá
Autor(a): Lewis Carroll
Publicação original: Aventuras de Alice no País das Maravilhas – 1865 / Através do Espelho e o que Alice Encontrou Por Lá – 1872

*Imagens das ilustrações: blog Cosac Naify

12 de abril de 2010

Promoção: Draculea - O Livro Secreto dos Vampiros - ENCERRADA

Primeira promoção do blog Escrevendo Loucamente!
Como eu havia dito no post anterior, esta é especialmente para os fanáticos por vampiros! Lá vai:


Draculea – O Livro Secreto dos Vampiros trata-se de uma antologia composta por 27 contos vampirescos, todos assinados por autores nacionais. Detalhe: o vencedor(a) ganhará um exemplar autografado!

Para saber mais sobre o livro, leia a resenha AQUI.
Para ver a página do livro no Skoob, clique AQUI.


PROMOÇÃO ENCERRADA 
REGRINHAS:
1. Ser seguidor(a) deste blog.
Não precisa ter blog, basta ter uma conta em qualquer um destes sites: Google / Twitter / Yahoo. Para seguir, procure a caixinha abaixo no menu lateral do blog e clique em “Seguir”.
2. Ser seguidor(a) dos blogs: Brilho de Estrela e O Desejo de Lilith.
3. Residir no Brasil (ou ter endereço de entrega aqui).
4. Preencher o formulário AQUI (o formulário abrirá em nova janela). Atenção: o formulário deve ser preenchido apenas uma vez.
5. Deixar um comentário neste post dizendo: “Quero o Livro Secreto dos Vampiros!” + nome completo


PARA GANHAR NÚMEROS EXTRAS:
(Atenção: o formulário deve ser preenchido apenas uma vez com os links de todas as divulgações. Cada participante pode concorrer com até 5 números: o primeiro e mais 4 extras.)
- Divulgar em blogs: o banner abaixo deve estar em um local fixo até o fim da promoção.

Promoção Draculea - O Livro Secreto dos Vampiros


- Divulgar no Twitter: só vale com o texto abaixo e, na hora de preencher o formulário, colocar o link do tweet (é só clicar no horário do tweet e pegar o link). Veja o exemplo.
A divulgação no Twitter deve ser feita com o texto abaixo:

#promoção Draculea – O Livro Secreto dos Vampiros no blog Escrevendo Loucamente http://tinyurl.com/ybcx986 – @aline_tiemi

- Seguir @aline_tiemi no Twitter.
- Seguir @eleniralves e @ademirpascale no Twitter.


IMPORTANTE:
- A promoção começa hoje (12/04) e é válida até o final do dia 03/05. A lista de participantes sairá no dia 04/05 e o resultado será divulgado no dia 05/05.
- Enviarei um email ao vencedor(a), que deverá ser respondido em até 3 dias. Não havendo resposta dentro do prazo, será feito um novo sorteio.
- O sorteio será realizado através do site Random.org
- O livro será enviado pelos autores.
 

Boa sorte para vocês!!!

Draculea - O Livro Secreto dos Vampiros

“Quais mistérios eles escondem por gerações? (...) Mas, antes de abrir estas páginas, um aviso: após lê-las, você nunca mais será o mesmo. O conhecimento tem seu preço, e eles ficarão furiosos com a sua descoberta.”

Draculea – O Livro Secreto dos Vampiros é uma antologia de 27 contos vampirescos, todos escritos por autores nacionais. Particularmente, gosto muito de contos. Ter várias historietas diferentes em um só livro geralmente faz com que a leitura nunca se torne cansativa. E ser um livro de autoria nacional é um aspecto que o torna mais interessante; acho animador que cada vez mais brasileiros tenham interesse em escrever literatura fantástica.

Apesar de todo o livro tratar-se de vampiros, a atmosfera de cada conto é, de alguma forma, singular. Alguns são mais dramáticos, outros são temperados com boa dose de agressividade, e alguns ainda revelam uma faceta curiosamente cotidiana dos fantásticos seres sobrenaturais. Um ponto bastante positivo é que existe no livro uma mistura entre passado e presente. Enquanto alguns contos retratam séculos passados, outros nos mostram um mundo contemporâneo, tal como o conhecemos hoje. Um vampiro em plena Avenida Paulista é algo interessante de se imaginar.

Os contos são breves, de leitura agradável e fácil. Draculea – O Livro Secreto dos Vampiros é uma boa pedida para ser lido de uma só vez, ou para ser saboreado aos poucos, conto por conto, durante alguns dias.

Para finalizar, uma verdade deve ser dita: vampiros são – e sempre serão – seres instigantes e de grande poder de fascínio!

Título: Draculea – O Livro Secreto dos Vampiros
Autor(a): vários, Ademir Pascale (organizador)
Publicação original: 2009

8 de abril de 2010

Fila de leitura (últimas aquisições)

Apresento a vocês a minha fila de leitura! São minhas mais recentes aquisições (comprando e trocando) e ficam empilhadas bem ali, na minha cabeceira, juntamente com um Guia Publifolha da Irlanda e um guia Top 10 Dublin.

Tenho lido em uma velocidade apenas aceitável (gostaria de ler bem mais e em menos tempo...). Mas, pelos títulos que mostro acima, dá para ter uma boa ideia do que teremos por aqui nas próximas semanas! Esta é a fila de leitura que se reduz aos livros já adquiridos, mas ainda há muitos livros que com certeza lerei, embora ainda não os tenha comigo.

Os guias? Bom, eles fazem parte do meu “material de sobrevivência” de intercâmbio. Em meados de maio embarco para Dublin e lá pretendo ficar por aproximadamente 1 ano. Em minha mala certamente não faltarão livros! E meus planos incluem administrar meu tempo para continuar blogando e lendo sempre.

Também adianto que logo mais farei a primeira promoção do blog! =) Ainda não vou revelar qual é o livro, mas aqui vai uma dica: aficionados por vampiros, fiquem ligados!

5 de abril de 2010

As Brumas de Avalon - O Gamo-Rei (Livro 3)

Continuando a saga, As Brumas de Avalon – O Gamo-Rei parece ter o objetivo de preparar as coisas para o desfecho final, que ocorrerá com o quarto e último livro (O Prisioneiro da Árvore). Acontecimentos importantes nos são apresentados aqui, porém suas consequências ainda estão por vir.

Os tempos são de paz. Tendo conseguido a vitória na luta contra os saxões, Artur revela-se cada vez mais um rei cristão, sofrendo enorme influência de Gwenhwyfar. Seu distanciamento de Avalon provoca o descontentamento de Morgana e Viviane, já que o Grande Rei deve honrar o juramento que fez e ser digno de continuar levando na bainha a poderosa Excalibur.

Gwydion, filho de Morgana, é criado no reino de Lot e, posteriormente, é educado em Avalon. O livro, então, nos apresenta uma importante questão: o que acontecerá ao Gamo-Rei quando o jovem gamo estiver adulto? E Morgana, por sua vez, questiona em seus pensamentos: “Se Galahad (filho de Lancelote e Elaine) vai ser rei, é meu filho então o Merlim, o sucessor escolhido em vida?”.

A morte de Viviane, a consolidação da rivalidade entre Morgana e Gwenhwyfar, e o posto de Senhora do Lago ocupado por Niniane (filha de Taliesin), são alguns dos acontecimentos importantes deste terceiro livro. A situação de Avalon não é das melhores, pois se perde cada vez mais entre as brumas, afastando-se da terra dos homens e temendo tornar-se tão distante dos ciclos solares e lunares quanto o reino das fadas.

A meu ver, o ápice do livro está no renascimento da sacerdotisa em Morgana. A Deusa volta a manifestar-se nela, que retoma etapa por etapa até estar novamente preparada para seu regresso a Avalon. Finalmente, Morgana compreende os planos que Viviane tinha para si, planos que antes era muito jovem e tola para entender. Ainda que à custa de muito sofrimento, Viviane lhe dera algo valioso que ela, Morgana, simplesmente jogara fora. Seria, então, tempo de retomar os planos de Viviane.

Apesar de eu ter dito no início que este é um livro que “prepara o terreno” para os acontecimentos finais, devo fazer aqui um complemento: a leitura continuou instigante e quase não fui capaz de largar o livro até tê-lo terminado. Justamente o contrário do que em geral ocorre em determinado ponto de uma saga, quanto é tomada pela característica de preparação/transição, fazendo com que o leitor sinta-se entediado e não tenha paciência para chegar ao final. No caso de As Brumas de Avalon, não me foi necessária a paciência, pois tenho lido com crescente empolgação cada parágrafo desta grandiosa obra.

Título: As Brumas de Avalon – O Gamo-Rei (Livro 3)
Autor(a): Marion Zimmer Bradley
Publicação original: 1982

LEIA TAMBÉM:
As Brumas de Avalon – A Senhora da Magia (Livro 1)
As Brumas de Avalon – A Grande Rainha (Livro 2)
As Brumas de Avalon – O Prisioneiro da Árvore (Livro 4)

1 de abril de 2010

Caderno de Rabiscos para Adultos que Querem Chutar o Balde

“Para Jérôme, que largou tudo e foi dar a volta ao mundo.
Para Mathieu, que não largou nada e dá voltas no escritório.
E para todos que sonham chutar o balde...”

Após o sucesso de Caderno de Rabiscos para Adultos Entediados no Trabalho, livrinho genial, eu não podia deixar de conferir o Caderno de Rabiscos para Adultos que Querem Chutar o Balde. E confesso que este último também conquistou minha simpatia, além de melhorar consideravelmente o meu humor a cada página virada.

Assim como no livro anterior, atividades um tanto lúdicas cujo tema é o ambiente corporativo também aparecem aqui. Mas isso não é tudo; também encontramos passatempos irônicos envolvendo amigos, familiares e aquelas obrigações sociais das quais sempre queremos – e muitas vezes não podemos – fugir.

Através deste irreverente livrinho de capa verde, a autora Claire Faÿ nos encoraja a nos libertarmos de algum peso (ou melhor, pessoa) imenso que carregamos, e a levar as abobrinhas para colorir na próxima reunião de trabalho. Em um barquinho, podemos desenhar companheiros que também remam contra a maré (e assim nos convencemos de que não estamos sozinhos) – ótimo para ajudar a retardar um pouco o processo de desmotivação. Se estivermos cansados de ficar à sombra alheia (sinto que isso cabe perfeitamente no mundo corporativo), basta desenhar-nos a nós mesmos à sombra de um belo coqueiro e está tudo resolvido... Pelo menos por enquanto!

Com o Caderno de Rabiscos para Adultos que Querem Chutar o Balde, em poucos minutos, vemos como é simples dar um bolo em alguém ou simplesmente reconhecer (sem culpa) aquele cabeça-de-bagre em um jantar de família. Agora, se o problema for um chefe mala, eis a solução: a cada crítica que ele fizer, simplesmente dê a ele um “vale 1 ponto - demissão”. Continue fazendo isso até completar toda a cartela do livro e, junto com o último ponto, seu chefe receberá a simpática mensagem “Parabéns! Ganhou minha demissão”. Simples assim.

Caderno de Rabiscos para Adultos que Querem Chutar o Balde é uma ótima opção quando o objetivo for o humor. E digo mais, se estiver em dúvida do que dar de presente para algum colega no amigo secreto do trabalho, não precisa nem pensar duas vezes: se o livrinho não resolve os entraves do dia-a-dia, pelo menos garante uns bons momentos de descontração!

Confira a seguir algumas páginas do livro (clique para ampliar em nova janela):

     

  

Título: Caderno de Rabiscos para Adultos que Querem Chutar o Balde
Autor(a): Claire Faÿ
Publicação original: 2007

LEIA TAMBÉM:
Caderno de Rabiscos para Adultos Entediados no Trabalho

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...