31 de março de 2010

Selos: Blog de excelência / Você é uma blogueira dedicada

BLOG DE EXCELÊNCIA
Ganhei este selinho da Aline (blog Letras de Sonho). Adorei!

Regras:
Dizer por que você considera o seu blog um blog de excelência:
Este é um blog de excelência porque mostra minha tentativa (espero que com resultados positivos!) de oferecer resenhas de qualidade, com opiniões e argumentos justificados, sendo totalmente contra a crítica somente pela crítica.


Ofereço-o com carinho aos seguintes blogs:
Cantinho da Leitura – Aline
Blog do Julio – Julio
Literatura de Mulherzinha – Beta
Viaje na Leitura – Thais
Livros com Coração – Camilla
 

VOCÊ É UMA BLOGUEIRA DEDICADA
Já este meigo selinho, ganhei-o da Carol (blog Open Page). Lindinho!

Também com carinho, ofereço-o aos blogs:
Supreme Romance – Bruna
Linda e Culta – Luciana
Leitora Compulsiva – Camila
Blog da Solange – Solange
365 Livros Por Ano – Iris

28 de março de 2010

As Brumas de Avalon - A Grande Rainha (Livro 2)

Logo no início de As Brumas de Avalon – A Grande Rainha, nasce o filho de Morgana no Norte, junto a Morgause e Lot, sendo por eles criado como um filho adotivo – mais como uma estratégia de Morgause, já que ela e o marido tinham a ambição de que um de seus filhos herdasse o trono de Artur.

Neste livro, porém, o destaque vai para o desenvolvimento da personagem de Gwenhwyfar, que é a escolhida para casar-se com o Grande Rei Artur por conta de seu dote, sem que entre eles houvesse amor (nunca se haviam visto antes do casamento). Artur recebeu sua noiva com bondade e surpreendeu-se com sua beleza. Entre eles nasceu um grande afeto. Gwenhwyfar reconhecia a bondade do marido e o retribuía sendo uma esposa atenciosa; no entanto, seu coração de mulher pertencia a outro: Lancelote. Este, por sua vez, também a amava com todo o seu ser, e mantinha-se em um denso conflito por ser o melhor companheiro de Artur (a quem era verdadeiramente leal) e, ao mesmo tempo, amar sua esposa.

Gwenhwyfar representa a verdadeira figura do cristianismo, sempre submissa, recatada e amedrontada. Seu medo era tanto que buscava a segurança de muralhas e paredes e temia ficar exposta aos campos abertos e ao céu, imenso sobre sua cabeça. Sempre muito religiosa, temia o castigo divino e, pior, martirizava-se a si mesma por seus pensamentos “impuros” em relação à Lancelote. Podemos notar o quão intenso é esse martírio quando, mesmo com a compreensão do padre, ela pensa que teria se sentido melhor e mais livre (!!) se ele a tivesse censurado e lhe imposto penitências pesadas.

As atitudes e pensamentos de Gwenhwyfar ao longo do livro fizeram com que eu desenvolvesse uma enorme antipatia por ela. E também pena. A personagem sofre em demasia por não ter o homem amado e sente-se humilhada por não conseguir conceber um filho de Artur. No entanto, Gwenhwyfar tem uma visão de mundo muito limitada, presa às suas verdades e totalmente intolerante às diferenças. Mas também é necessário compreender que isso se deve à forma como foi educada.

Fica evidente o aspecto tirano e intolerante do cristianismo, por exemplo, na parte em que lemos a respeito de Gwenhwyfar: “com Artur a seu lado e a sua bandeira da cruz flutuando sobre o acampamento de Artur, ela sentia amor e tolerância para com todos (...)”. Assim sendo, uma vez que o cristianismo exerce seu domínio, realmente revela-se tarefa fácil ter amor e tolerância ao próximo – ainda mais quando este está sob seu poder incontestável.

Também preciso dizer que achei particularmente adorável quando Morgana vai parar no país das fadas. Lá não é possível ver o sol e nem a lua, e o tempo flui como num sonho. O que parecia ter sido dias foram anos, na verdade. Anos de juventude, festas e prazeres. Encantador! Só lamentei não ter podido ser eterna a presença de Morgana nesta terra, embora fosse mesmo impossível por conta do papel essencial de Morgana em toda a história.

Posso seguramente afirmar que este segundo volume de As Brumas de Avalon superou as minhas expectativas. A leitura continuou envolvente e gostosa, tal como foi minha experiência com o primeiro volume. E o final, bom, o livro termina com um acontecimento que eu esperava ansiosamente desde os primeiros capítulos e, confesso, não imaginei que fosse ocorrer exatamente da forma como ocorreu – ainda mais surpreendente do que eu esperava. Gostei bastante! Mas esse é apenas um “final”, assim mesmo, entre aspas, já que ainda restam outros dois volumes para completar a obra...

Título: As Brumas de Avalon – A Grande Rainha (Livro 2)
Autor(a): Marion Zimmer Bradley
Publicação original: 1982

LEIA TAMBÉM:
As Brumas de Avalon – A Senhora da Magia (Livro 1)
As Brumas de Avalon – O Gamo-Rei (Livro 3)
As Brumas de Avalon – O Prisioneiro da Árvore (Livro 4)

25 de março de 2010

Vamos trocar livros!

Hoje resolvi falar de dois sites que tenho usado ultimamente. São sites que promovem trocas de livros entre os usuários cadastrados e, como tomei conhecimento deles recentemente, falarei aqui sobre as minhas primeiras experiências utilizando-os.

Trocando Livroshttp://www.trocandolivros.com.br/
É simples: você cadastra os livros que quer trocar e espera até que alguém solicite algum dos seus livros. Ao receber a solicitação, você envia o livro e, com isso, ganha 1 crédito, que pode ser utilizado para solicitar qualquer livro que esteja disponível no site. Gostei muito, já que oferece ampla variedade de escolha de livros. Fiz 3 trocas através do site, sendo que uma delas foi cancelada porque o proprietário do livro que solicitei não o enviou dentro do prazo estabelecido. E, ainda assim, fiquei satisfeita: o crédito me foi devolvido rapidamente e pude solicitar outro livro de minha escolha. Recebi os livros conforme combinado. Fácil, prático, organizado e confiável; portanto, altamente recomendado!

Livra Livrohttp://www.livralivro.com.br/
Você cadastra os livros que quer trocar, marca os livros que tem interesse em adquirir, e o próprio site é quem sugere as trocas. Por exemplo, se algum usuário tem disponível um livro que você quer adquirir e procura um livro que você disponibiliza para troca, então o site possibilita que a troca seja feita. Não gostei, já que as chances de trocas são bem menores, e a variedade é limitada. Ou seja, para que eu possa trocar algum livro dependo da coincidência de alguém que tem um livro que eu quero procurar justamente um livro que eu disponibilizei. No entanto, consegui fazer duas trocas. Porém na primeira recebi um livro bem velhinho, remendado com durex nas laterais, e que demorou bastante para chegar. Claro que o estado dos livros não depende do site, e há um espaço para denúncia por recebimento de livros em más condições. Ainda assim, só recomendaria o Livra Livro como segunda opção, caso você tenha alguns livros que não consiga trocar através de outros meios, se bem que acho um pouco difícil que o sistema de trocas do Livra Livro vá ajudar neste caso, já que é necessário haver coincidência entre livro disponibilizado e desejado. Mas, não custa tentar...

Além desses, conheço outros dois sites, porém nunca os utilizei: Livro Livre (este eu acho que não usaria, não me agrada a ideia de “esquecer” um livro meu em algum lugar e não ter certeza se foi realmente encontrado) e Book Mooch (que possibilita trocas internacionais).

Imagino que todos vocês devem já conhecer estes sites e saber seus pontos fortes e fracos, mas achei legal descrever minhas experiências mesmo assim. Também gostaria de fazer um pedido: se vocês conhecem/utilizam outros sites para trocar livros, por favor, me falem! =)

22 de março de 2010

As Brumas de Avalon – A Senhora da Magia (Livro 1)

Há cerca de cinco anos despertou em mim uma imensa vontade de ler os volumes que compõem As Brumas de Avalon. Porém, sem um motivo muito consciente (talvez fosse por causa de outros livros que me apareciam de forma repentina), sempre acabava por postergar a compra e a leitura desta obra. Então, graças a uma promoção no Submarino (aliás, lá sempre encontro promoções muito interessantes!), comprei de uma vez os 4 volumes por um preço para lá de atraente.

As Brumas de Avalon reconta a lenda do rei Artur sob a perspectiva feminina (sacerdotisas de Avalon e as mulheres de Camelot). A tentativa de unificação da Bretanha contra a invasão dos saxões e os conflitos entre o cristianismo e os cultos pagãos se fazem muito presentes como base para toda a trama.

No livro 1, intitulado A Senhora da Magia, acompanhamos a vida de Igraine (irmã de Viviane, Grã-sacerdotisa de Avalon, conhecida como a Senhora do Lago), que foi dada em casamento ainda muito jovem a Gorlois, Duque da Cornualha. Desta união nasceu Morgana, única filha do casal. Ao lado de Gorlois, Igraine passou por momentos conflituosos e de infelicidade, porém mantinha-se resignada. Fica bem claro durante o livro o papel exercido pela mulher. De um mundo que não ouvia a opinião de suas mulheres e as mantinha submissas participava Igraine, mesmo tendo crescido em Avalon e cultivasse em seu íntimo o amor pela Deusa, sentia gratidão por seu marido haver deixado que criasse Morgana – ainda que não fosse o filho homem que ele tanto desejava.

As coisas mudam de rumo quando Avalon impõe a Igraine a necessidade (ou o destino) de casar-se com Uther Pendragon e ter um filho seu, que no futuro seria coroado rei e salvaria a Bretanha, unificando seus povos para combater os invasores. Igraine, no início, rejeitou seu destino, mas acabou sendo tomada por um imenso amor por Uther e cumpriu o seu dever quando da morte de Gorlois. Desta forma, deu a Uther um filho, Gwydion – ou Artur, conforme seria batizado mais tarde. Igraine torna-se cada vez mais religiosa, como uma verdadeira cristã, enquanto seus filhos são criados longe de si. Morgana é educada em Avalon para tornar-se sacerdotisa da Deusa, e por fim chegará o dia em que Artur tomará posse do trono, tornando-se Grande Rei da Bretanha.

Sempre tive curiosidade acerca da lenda do rei Artur, e As Brumas de Avalon – A Senhora da Magia me surpreendeu. O misticismo e a emoção são características marcantes da história, cujas mulheres ocupam posição central – e essencial. Se por um lado os homens exerciam o domínio e as mulheres eram meros adornos e provedoras de filhos (levadas a passeios no mercado enquanto seus maridos reuniam-se para discutir assuntos de extrema importância para o futuro do povo), para os povos de Avalon a situação era outra. Lá, as mulheres desempenhavam o papel de grandes sábias; portadoras da Visão, nada era feito sem seu aconselhamento. Eram os verdadeiros instrumentos da vontade da Deusa.

Na obra, vemos o conflito entre conceitos tidos como certos e errados, já que, como mencionei antes, a relação entre cristãos e pagãos era demasiado tempestuosa; o que era virtude para o primeiro grupo tornava-se blasfêmia aos olhos do outro, e vice-versa. O cristianismo é relacionado à crença em um deus morto que amedronta e castiga, e não aceita outros deuses e deusas, impondo seu deus como único e absoluto. Para os cristãos, os pagãos são gente ligada à bruxaria e ao demônio. Os povos de Avalon, por sua vez, afirmam que todos os deuses são um deus e todas as deusas são apenas uma deusa, não importando os nomes que lhe são dados, e acreditam na justiça a todos os homens, qualquer que seja o deus que adorem.

Recordando algumas passagens memoráveis, derreti-me quando finalmente Uther vai ao encontro de Igraine na Cornualha, e juntos eles passam sua primeira noite; foi algo belo de se ler. Merece igual – ou maior – destaque todo o ritual pagão para a ascensão de um novo rei. É emocionante e de uma beleza incalculável e até incompreendida, dependendo dos olhos de quem vê. Mas prefiro não entrar em maiores detalhes para não turvar o misto de sensações que terão os possíveis leitores.

Também acho válido mencionar o quanto a narrativa corre de forma envolvente. A autora soube expressar muito bem toda a carga emocional das personagens; os pensamentos das mulheres se fazem presentes com frequência, de forma a permitir que o leitor capte cada nuance de seus sentimentos. Inclusive, o livro inicia e finaliza com reflexões de Morgana, personagem fundamental na história e espetacular em todas e cada uma de suas características. O caminho da barca com seus remadores silenciosos, a cortina de névoa que encobre a mística Avalon, abrindo-se e revelando sua magnitude, os juncos, o círculo de pedras sobre o Tor, os sacrifícios do preparo de uma sacerdotisa... Ler sobre todas essas coisas arrepia, é como sentir na pele os mistérios que permeiam a história e, de fato, acreditar no que está ali descrito. Inexplicável.

As Brumas de Avalon – A Senhora da Magia é um livro que merece ser lido e sentido em toda a sua plenitude. Certamente as mulheres se identificarão com os pensamentos e atitudes de algumas personagens, e desenvolverão sentimentos dos mais variados com relação aos homens da trama. Tendo lido o primeiro volume, com outros três me esperando para que eu os devore, sinto que esta será uma daquelas obras das quais jamais me esquecerei.

Título: As Brumas de Avalon – A Senhora da Magia (Livro 1)
Autor(a): Marion Zimmer Bradley
Publicação original: 1982

OBS: mais adiante, resenharei os outros três volumes de As Brumas de Avalon (ainda não concluí a leitura!). Aguardem!

LEIA TAMBÉM:
As Brumas de Avalon – A Grande Rainha (Livro 2)
As Brumas de Avalon – O Gamo-Rei (Livro 3)
As Brumas de Avalon – O Prisioneiro da Árvore (Livro 4)

17 de março de 2010

Selinho: Esse blog vale a pena...!

Ganhei este selinho da Dany (blog Espaço do Leitor). Nem preciso dizer que adorei, né?! Muito obrigada mesmo!

Regra:
Oferecer o selo a 10 blogueiras(os) que você julga serem dedicadas(os) aos seus cantinhos!
Quero Morar em uma Livraria - Lia
Livros Fantasia - Rafael
O que elas estão lendo!? - Flavia e Geórgia
A Leitora - Mirelli
Clube da Livraria - Jessica, Samanta, Thana, Abraão, Estevão e Joker
Lendo nas Entrelinhas - Hérida
La Sorcière - Alexandra
Comedora de Livros - Tathynha
Open Page - Carol
Um Livro Secreto - Alisson

16 de março de 2010

Incomodada ficava a sua avó

Apesar de ser formada em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda, raras vezes me vi interessada em um livro sobre o tema. Cheguei a ler umas poucas “partes importantes” de alguns livros, conforme a necessidade para trabalhos e provas da faculdade. E só. Até que chegou às minhas mãos este livro aí ao lado, Incomodada Ficava a sua Avó; desde que o li, ocupa o posto de um dos únicos livros que gostei – e que li inteiro – acerca do tema Propaganda.

“Anúncios que marcaram época e curiosidades da propaganda”. Como diz o subtítulo, o livro é composto por uma coletânea de anúncios antigos acompanhados por crônicas bem-humoradas do renomado publicitário Lula Vieira, publicadas no Jornal do Commercio. Mas o que torna este livro tão atraente é que, através dos anúncios, mostra um verdadeiro reflexo do que era a sociedade brasileira e seus costumes nas décadas de 20, 30, 40,...

Surpreende ver como o preconceito por vezes aparecia de forma natural nos anúncios (coisa que não seria aceita com bom humor nos dias de hoje), a forma cruel com que os anúncios se dirigiam aos gordos, e o glamour e a elegância do hábito de fumar (chegando ao absurdo de se anunciar que determinado cigarro não afetava negativamente o organismo). É também bastante interessante ver os anúncios publicados durante a Segunda Guerra Mundial, em que diversas empresas paravam momentaneamente sua produção habitual para dedicar-se unicamente à produção de equipamentos para as Forças Armadas, fazendo com que determinados produtos se tornassem impossíveis de serem adquiridos. Um anúncio da Philco, por exemplo, dizia que os esforços para a guerra trariam algum bem para a humanidade, já que “os laboratórios da Philco estão realizando milagres na ciência eletrônica, muitos dos quais têm direta aplicação em produtos de tempo de paz”. Já a fabricante de máquinas de escrever Smith Corona, orgulhosamente, dizia que “os que atualmente possuem as máquinas L C Smith estão de sorte”, uma vez que “eles sabem que as suas L C Smiths durarão todo o período da guerra com o mínimo de serviços de reparação”.

O livro nos faz viajar por épocas em que os anúncios falavam ao público de forma rebuscada, com textos que divertem ao serem lidos atualmente. Você por acaso imaginaria que ao utilizar os Batons Michel seus lábios ganhariam “repentinamente a suavidade e a brandura dos lábios de uma menina”? Ou então, que o mesmo produto na tonalidade Amapola daria a seus lábios “o poder cativante da formosura divina”? Eu realmente gostaria de saber que poder é este!

Outra característica muito presente nos anúncios de tempos antigos é a presença de promessas impossíveis na forma de produtos milagrosos, capazes de curar 2.578 enfermidades, garantindo uma velhice feliz e saudável. Para as mulheres havia a Pasta Russa, que prometia levantar e “reativar” os tecidos dos seios (silicone para quê, não é mesmo?), uma vez que seios bonitos “são o tesouro mais precioso da mulher”, conforme dizia outro anúncio da época. Já para os homens, o fantástico Potentol garantia o equilíbrio das funções orgânicas, sendo a função sexual a mais importante; tudo muito bem dito e finalizado com as seguintes palavras: “Potentol dá alegria a uma vida triste”.

E a diversão continua com os anúncios de desodorantes, com clara intenção didática, em uma época em que seu uso era quase desconhecido. Merecem especial destaque os anúncios da Coca-Cola, com seus layouts bonitos e bem acabados, e a aparentemente impossível tarefa de introduzir a bebida no mercado brasileiro.

Enfim, poderia continuar falando dos anúncios por horas! É um livro que merece ser lido e que garantirá boas risadas, surpresas e momentos de nostalgia (no meu caso, uma nostalgia curiosa que costumo sentir às vezes... sabe aquela “saudade” de épocas que não vivemos?). Durante a leitura é possível notar como vários anúncios, criados há muitas décadas atrás, ainda são bastante atuais e funcionariam nos dias de hoje, não fosse um ou outro detalhe. É um livro para todos, independentemente se possuem alguma ligação ou prévio conhecimento em Publicidade e Propaganda. Os capítulos possuem títulos aleatórios, simplesmente agrupando as crônicas por assunto. Os anúncios não são apresentados em ordem cronológica, e nem os temas são abordados de forma muito aprofundada. Como diz o autor, “é uma conversa aberta sobre propaganda, onde o assunto principal serve como fio condutor, como pontapé inicial”.

É um livro muito agradável de ser lido, com textos curtos e muitas imagens. Mas ao contrário do que podem pensar, não o li em um só fôlego, mas o fiz de forma gradual e contínua, mantendo-o em minha cabeceira durante boas semanas. Todo noite eu o pegava e consumia uma pequena dose diária do mix de informação/curiosidades/humor que o livro oferece. E posso dizer que o resultado foi satisfação garantida!

Em tempo: esclarecendo o nome do livro, “Incomodada ficava a sua avó” é o título (em forma de trocadilho) de um anúncio de absorvente íntimo, já que antigamente não se referia à menstruação de forma direta – o período menstrual era chamado de “incômodo”. Com a criação dos novos absorventes íntimos, segundo o autor, “o lançamento de um deles marcava a diferença das duas épocas, dramatizando a diferença da atitude e da própria linguagem”.

Finalizo aqui com um trecho de uma das crônicas que compõem o livro:
“Acredito que entre as coisas que o mundo moderno esqueceu, o pó-de-arroz é uma das perdas mais dramáticas. Sem ele é muito mais difícil e caro fazer ‘sua presença maravilhosa nos footings elegantes, nos salões e no convívio aristocrático’. Aliás, junto com o pó-de-arroz, acabou também esse tal de convívio aristocrático democrático e universal. Já delirando – efeito do pó – eu diria que o desaparecimento do pó-de-arroz em nossa sociedade é a causa de toda a desigualdade social. Afinal, como se vê nos anúncios, para se freqüentar ‘os theatros e casinos’, bastava usar um pouco de pó-de-arroz.”

Título: Incomodada Ficava a sua Avó
Autor(a): Lula Vieira
Publicação original: 2003

12 de março de 2010

As Intermitências da Morte

“No dia seguinte ninguém morreu. O facto, por absolutamente contrário às normas da vida, causou nos espíritos uma perturbação enorme, efeito em todos os aspectos justificado, basta que nos lembremos de que não havia notícia nos quarenta volumes da história universal, nem ao menos um caso para amostra, de ter alguma vez ocorrido fenómeno semelhante, passar-se um dia completo, com todas as suas pródigas vinte e quatro horas, contadas entre diurnas e nocturnas, matutinas e vespertinas, sem que tivesse sucedido um falecimento por doença, uma queda mortal, um suicídio levado a bom fim, nada de nada, pela palavra nada. Nem sequer um daqueles acidentes de automóvel tão frequentes em ocasiões festivas, quando a alegre irresponsabilidade e o excesso de álcool se desafiam mutuamente nas estradas para decidir sobre quem vai conseguir chegar à morte em primeiro lugar.”

O que mais me atraiu no livro As Intermitências da Morte, além do fato de ser do escritor português José Saramago, foi a sensação de calamidade que a trama nos apresenta desde o início. Imaginem o que aconteceria em um país se a morte simplesmente parasse de matar? Pois foi exatamente isto o que aconteceu e, óbvio, me deixou com uma curiosidade (esta sim, mortal) para devorar as seguintes páginas. Como já disse, sou fascinada por estas calamidades com um quê de absurdo, como as que o autor já nos tinha proposto, por exemplo, em Ensaio sobre a Lucidez (em que toda uma cidade vota em branco nas eleições) e em Ensaio sobre a Cegueira (em que a tal cegueira branca toma conta da população). Para deixar mais claro, a morte deixando de trabalhar não impedia o envelhecimento, as doenças, os desastres. Estes continuavam a ocorrer, mas mesmo estando com a vida por um fio, as pessoas não morriam, ficavam em um estado suspenso, vivendo uma espécie de “não vida”. Um idoso doente que estivesse prestes a morrer, não morria, mas continuava em sua condição de enfermo, literalmente suspenso entre a vida e a morte, e envelhecendo.

O mais interessante é que, mesmo os acontecimentos sendo totalmente absurdos, alguns personagens (os relacionados à política, por exemplo) nos parecem bastante reais. O livro me teve tão envolvida na trama que tinha a sensação de estar de fato naquele país onde ninguém mais morria. Interessante também foi ver como a falta da morte afetou diferentes grupos da sociedade. A reação dos políticos, a posição da igreja, o desespero das famílias e os problemas causados aos hospitais e aos “lares do feliz ocaso” (ou asilos), que ficavam cada vez mais abarrotados de gente. Destaco a aparição da tal “máphia”, que logo arrumou um jeito de tirar proveito da situação, e a forma como os políticos acabavam por se colocar de acordo com o que ela propunha (claro, cuidando para não mostrar de forma tão óbvia). O livro trata da relação que tem o ser humano com a morte, e nos mostra que esta é necessária para que prossiga a vida. A humanização da morte é uma atração à parte e conduz a trama por caminhos impensados, culminando em um final surpreendente e encantador.

A utilização de períodos longos e pontuação de forma não convencional podem ser motivos para que alguns achem difícil ler Saramago. De fato, não é a mais simples das leituras, mas garanto que é imensamente prazerosa. Não a enxergo como sendo difícil, embora exija considerável atenção do leitor, o que também outras leituras exigem. Considerando o livro em todos os seus aspectos, sinto-me quase obrigada a dizê-lo: altamente recomendado!

(Tive grande dificuldade no momento de dar uma categoria a este livro e, mais precisamente a José Saramago, aqui no blog. Algumas pesquisas me conduziram ao seguinte caminho: de forma bastante simplificada, sendo o autor um romancista intelectual que utiliza o fantástico como meio para passar determinada mensagem, mais se aproximaria do Realismo Fantástico. Somos apresentados a um mundo como o que conhecemos, onde sucedem acontecimentos inexplicáveis pelas leis deste mundo, mas que, não se enquadrando em ilusões ou imaginação das personagens, são parte da realidade. Ainda que o realismo fantástico esteja “localizado” na América Latina, percebemos uma aproximação da obra de Saramago às suas características, ainda que “qualquer coisa” os separe. Aqui no blog, em uma atitude que pode ser errônea de minha parte, coloco este livro na categoria de Realismo Fantástico – por sua vez, considerado quase uma vertente do Fantástico. No entanto, muitos autores repudiam o gênero Fantástico/Fantasia por considerarem-no puramente comercial, não gostando ou mesmo evitando que sua obra seja classificada como tal.)

Título: As Intermitências da Morte
Autor(a): José Saramago
Publicação original: 2005

9 de março de 2010

Primeiro selinho: Seu blog é uma flor!


Ganhei o selinho acima da Mirelli (A Leitora) e fiquei muito contente, afinal é o primeiro selo aqui do blog!!

Regras:
- Postar o selinho no seu blog.
- Responder a pergunta: “Você considera seu blog uma flor?”
Claro! Considero meu blog uma flor, já que precisa ser “regado” e cuidado constantemente para que desabroche e me presenteie com os resultados positivos de minha dedicação.
- Indicar 5 blogs para ganhar o selinho e avisar aos donos para que venham buscá-lo.

Os 5 blogs que indico para ganhar este selinho são:
Letras de Sonho (Aline)
Entre Páginas (Patricia)
Leitura Nossa de Cada Dia... (Débora)
Livros de Bia (Bia e Soninha)
Uma Janela Secreta (Celsina)

7 de março de 2010

Brincadeira Literária: O Diário de Anne Frank


Você se lembra do primeiro livro que leu? E que tal o livro mais velhinho aí na sua estante?
Eis o meu post para a Brincadeira Literária:

Não me lembro com exatidão se este foi o primeiríssimo dos livros não infantis que li, mas certamente ocupa uma das primeiras posições. E sim, ele também ocupa o lugar de livro mais velhinho na minha estante atualmente. Este livro é O Diário de Anne Frank. A edição que tenho é bem velhinha e fiz questão de colocar ao lado a capa dela, aliás, nunca vi outro com esta mesma capa. Na verdade, este livro era da minha mãe, e foi ela quem me incentivou a lê-lo, mas desde bem mais nova eu já tinha adotado com fervor o hábito da leitura. Lembro que quando minha mãe me mostrou o livro e sugeriu que eu o lesse, fiquei bastante atraída pelo tema e por ser o relato de uma menina e, de fato, foi um livro que gostei muito de ter lido. Também não me recordo exatamente da idade que eu tinha quando li este livro, assim como não me lembro de todos os mínimos detalhes da história, então tive que recorrer a algumas pesquisas básicas para relembrar alguns detalhes e redigir este post.

Em 1942, Anneliese Marie Frank ganha um diário de presente ao completar 13 anos e nele começa a relatar a vida comum de uma garota no início da adolescência. Pouco depois, sua irmã recebe uma notificação da SS, fazendo com que a família se esconda no “Anexo Secreto”, um esconderijo improvisado nos fundos do escritório de seu pai. No decorrer do livro são relatadas as dificuldades de adaptação à vida no esconderijo, as (muitas) limitações, o convívio dificultoso entre a família e mais quatro amigos judeus também escondidos no mesmo local. Durante o tempo em que se mantiveram escondidos, tiveram a ajuda de alguns funcionários e amigos do escritório de seu pai para o abastecimento de comida, vestuário e itens de higiene. Apesar de serem abordadas diversas questões da época, o diferencial são os relatos bastante pessoais e o cotidiano dos habitantes do esconderijo, tudo sob o ângulo de uma menina. A instabilidade, os conflitos da adolescência, a descoberta da sexualidade e do amor se fazem presentes e, inclusive, percebemos o amadurecimento de Anne através das páginas do seu diário. Com todas as dificuldades e tristezas, ainda havia lugar para a esperança e perspectivas para o futuro. Os longos meses no esconderijo tiveram fim ao serem denunciados aos nazistas, e Anne foi, então, levada para um campo de concentração. Os habitantes do “Anexo Secreto” foram inicialmente deportados para Auschwitz; depois, Anne e sua irmã, Margot, foram separadas dos pais e levadas a Bergen-Belsen. Em 1945, meses após a deportação, Anne falece com apenas 15 anos, vítima de tifo. Dos habitantes do Anexo, Otto H. Frank, pai de Anne, foi o único sobrevivente após a guerra (falecido em 1980). O “Anexo Secreto”, em Amsterdã, é hoje um museu (Casa de Anne Frank).

Muito além de simples relatos de acontecimentos dos mais tristes e vergonhosos já vivenciados pela humanidade, este livro é uma verdadeira lição. Envolto em emoção e sinceridade, faz com que acompanhemos de perto a vida das pessoas no Anexo. Se por um lado os relatos são muito pessoais e não podem ser tidos como verdades absolutas em termos de História, eles são ricos justamente por serem individuais, dando-nos uma comovente dimensão do que os acontecimentos significaram na vida das pessoas. Através destes relatos, podemos enxergar as atrocidades daqueles tempos sob outro ângulo, bem diferente das meras estatísticas apresentadas nos livros de História.

Acho interessante comentar que existem controvérsias quanto à autenticidade do famoso diário, questionada desde sua primeira publicação, principalmente por Robert Faurisson, um negacionista do Holocausto, condenado diversas vezes por “contestação de crimes contra a humanidade”.

Finalizo aqui, com uma simples verdade: O Diário de Anne Frank é um livro que merece ser carregado conosco por gerações.

Título: O Diário de Anne Frank
Autor(a): Anne Frank, Otto H. Frank, Mirjam Pressler
Publicação original: 1947

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