Em 8 de dezembro de 1995, um acidente vascular cerebral mergulhou brutalmente Jean-Dominique Bauby em coma profundo. Ao sair dele, todas as suas funções motoras estavam deterioradas. Atingido por aquilo que a medicina chama de “locked-in syndrome” (literalmente, trancado no interior de si mesmo), ele não podia mexer-se, comer, falar e nem mesmo respirar sem a ajuda de aparelhos. Em seu corpo inerte, só um olho se mexia. Esse olho – o esquerdo – é o vínculo que ele tem com o mundo, com os outros, com a vida. Com esse olho, ele pisca uma vez para dizer “sim”, duas para dizer “não”. Com esse olho, ele chama a atenção de seu visitante para as letras do alfabeto que lhe são ditadas, formando assim palavras, frases, páginas inteiras... Com esse olho, ele escreveu este livro: todas as manhãs, durante semanas, foi memorizando as páginas antes de ditá-las e de corrigi-las, depois.
Do interior da bolha de vidro de seu escafandro, onde voam borboletas, ele nos envia cartões-postais de um mundo que só podemos imaginar. Quando só restam palavras, nenhuma palavra é demais.
Jean-Dominique Bauby nasceu em 1952. Jornalista, tinha dois filhos e era redator-chefe da revista Elle francesa. Faleceu dez dias depois da publicação do livro, em 1997.
Do interior da bolha de vidro de seu escafandro, onde voam borboletas, ele nos envia cartões-postais de um mundo que só podemos imaginar. Quando só restam palavras, nenhuma palavra é demais.
Jean-Dominique Bauby nasceu em 1952. Jornalista, tinha dois filhos e era redator-chefe da revista Elle francesa. Faleceu dez dias depois da publicação do livro, em 1997.
Desde que vi o filme, de mesmo título e dirigido por Julian Schnabel (2007), tive uma vontade louca de ler o livro. E não me arrependi.
Cartaz do filme - imperdível |
Uma característica interessante é que os capítulos são meio que “independentes” entre si; em cada um deles (que, em muitos momentos, assemelham-se a crônicas), um aspecto diferente é abordado sob a ótica – genial, eu diria – do autor. Desta forma, a leitura não se aproxima, em nenhum momento, do tédio e não tem enrolações de nenhuma espécie. Mesmo em um contexto denso e considerando seu triste estado, Jean-Do tem um senso de humor incrível. Por vezes, utiliza da ironia e do sarcasmo, revestindo seu sofrimento em uma roupagem mais “leve”. Ainda assim, nunca deixamos de notar que o desespero existe e é grande. Importante: o livro não é uma biografia (apesar de eu ter colocado "biografia" como uma das tags, simplesmente por seu fator real), porém tudo o que lemos é real e foi escrito pelo próprio Jean-Dominique, orientando-se pelo alfabeto ditado e usando seu olho para indicar as letras.
Para terminar, O Escafandro e a Borboleta é realmente uma daquelas obras que, em algum momento da vida, todo mundo deveria ler.
Título: O Escafandro e a Borboleta
Título original: Le Scaphandre et le Papillon
Autor(a): Jean-Dominique Bauby
Editora: Martins Fontes
Edição: 2009
Ano da obra: 1997