12 de novembro de 2011

Lucíola [José de Alencar]


Independente e altiva, Lúcia, a mais rica cortesã do Rio de Janeiro, não se deixava prender a nenhum homem. Até conhecer Paulo. A partir daí, ela se vê totalmente entregue; tudo o que quer é permanecer junto dele. Esse romance passa a ser o assunto mais comentado na Corte. Os comentários chegam aos ouvidos de Paulo e o incomodam profundamente. Valeria a pena romper seu relacionamento só para manter a boa imagem diante das pessoas?

Clássico do Romantismo brasileiro, Lucíola retrata o amor entre Lúcia, cortesã de luxo, e Paulo no Rio de Janeiro do século XIX. No decorrer do livro acompanhamos a transformação (“purificação”) de Lúcia. O livro faz parte dos “perfis de mulheres” de Alencar (junto com as obras Diva, A Pata da Gazela e Senhora).
Na época, o romance foi bastante criticado por mostrar o problema social da prostituição, que era conhecido porém tratado com indiferença. Houve críticas também devido ao não uso do Português clássico.

Lucíola é narrado em primeira pessoa por Paulo, sendo um relato de seu relacionamento com Lúcia que ele escreve a uma suposta senhora. Com isso, ele tem por objetivo mostrar que mesmo levando uma vida leviana é possível manter a nobreza da alma.

Esse é um livro que não li quando devia (lá no ensino médio); na época julguei a leitura desnecessária devido a uma super aula explicativa a respeito do mesmo (apesar de ser uma leitora ávida desde a infância, claro que eu torcia o nariz para alguns livros de leitura obrigatória, como todo adolescente, imagino eu). Mas o interessante disso é que não me arrependo de não tê-lo lido então: essa leitura, hoje, me proporcionou um prazer que na época acredito que não teria sido igual.

Adianto que não é um livro difícil ou enfadonho. A narrativa é gostosa e flui com facilidade, os personagens são envolventes (ainda que, muitas vezes, incompreensíveis em seus atos) e a história de amor entre os protagonistas é particularmente bela.

Edição que li: traz um bom
material de apoio didático
O mais interessante neste romance urbano é notar as particularidades comportamentais da sociedade da época, além da hipocrisia e falso moralismo retratados. A preocupação com a reputação e a boa imagem perante a sociedade faz com que Paulo aja de forma contraditória, causando complicações e sofrimento à relação com Lúcia. Interiormente, Paulo mostra-se mesmo bem frágil no que diz respeito ao amor. Apesar de ser narrado por Paulo, percebemos que Lúcia demonstra ter consciência de seus atos e um constante sentimento de culpa que a atormenta. Nela, anjo e demônio vivem e dividem o mesmo espaço. O amor, através de Paulo, resgata sua pureza, sendo o agente de sua redenção.

Apesar da maioria de nós conhecermos já o enredo e o final de Lucíola devido a certa familiaridade com a obra no período escolar, recomendo fortemente a leitura. Se você ignorou essa leitura na escola (como eu fiz), leia-a agora: considero um desperdício não ler algo de tamanha qualidade. E se você já leu a obra há alguns anos atrás, no ensino médio, leia-a novamente: certamente a leitura será feita sob um novo e mais prazeroso olhar.

(Destaco em especial a edição que li – esta da capa logo acima, à direita – que, mesmo sendo meio velhinha, traz uma introdução bastante didática a respeito do momento histórico e do Romantismo, além de informações biográficas do autor. Também conta com notas de rodapé muito úteis durante a leitura.)

Título / Título original: Lucíola
Autor(a): José de Alencar
Editora: Moderna
Edição: 1993 (Coleção Travessias)
Ano da obra / Copyright: 1862

12 comentários:

  1. Eu sou fã do José de Alencar desde "Senhora", um dos meus livros favoritos, que li na época do vestibular. "Lucíola" foi o último que li dele e curti tanto quanto os outros. A única coisa curiosa dessa história é ler sobre uma prostituta e seus diálogos tão sofisticados e cheio de emoção. É que a minha mente anda contaminada pelo século XXI: as putas de hoje se restringem a gemer e dizer quanto vale a hora. Não que eu tenha experiência, haha, mas esse é o estereótipo contemporâneo. Por isso que às vezes tinha de me autoconvencer de que a personagem era prostituta e não a donzela da côrte.

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  2. Hahaha mtooo bom seu comentário! As prosts de antigamente tinham "classe", se é que pode-se dizer assim! Hoje em dia, se for assim é forçado demais, mas ainda assim prefiro, ao invés de ler a "literatura" de Bruna Surfistinha... =S
    Também sou fã de José de Alencar (ah vc sabe já!), embora não tenha aguentado ler O Guarani (nunca fui com a cara desse livro).
    Bjooooo

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  3. A análise é muito importante, mas a escolha é perfeita!! José de Alencar é o máximo...

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  4. Hey ^^

    Maravilhosa resenha, assim como as demais. Confesso ficar curiosa com esse romance de José de Alencar, sua forma única de escrever.

    Xxx

    :: Loma

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  5. José de Alencar é um dos culpados tbém de eu adorar ler... na escola li algumas obras dele )

    Linda resneha.


    Beijo,
    Lariane - www.leiturasedevaneios.com.br

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  6. Mas eu li o livro da Bruna Surfistinha e é bem interessante, tá? Vamo parar com esses preconceitozinhos, hahaha.
    Beijos!

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  7. Aline, concordo contigo, Lucíola é uma linda estória. Gostei muito tb da A pata da gazela.

    Bjao

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  8. Eu admiro o trabalho de José de Alencar, mas tenho um grande bloqueio com as obras do Romantismo.

    Me dê todas do Realismo, mas não me faça ler uma do Romantismo! LOL

    Mas sei que tenho que superar esse 'bloqueio' e quem sabe comece com esse?

    Beijos!

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  9. Olá Aline!

    Dos autores brasileiros clássicos, José de Alencar é meu preferido. Me apaixonei pela obra dele desde que li "Senhora", meu preferido. Mas sem dúvidas "Lucíola" não perde para ele. Excelente livro, excelente resenha a sua, parabéns :)

    Abraços!

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  10. Oi Aline!
    Até agora minha experiência com José de Alencar foi decepcionante. Comecei a ler "Iracema", mas não consegui terminar =P
    Sua resenha sobre "Lucíola" me faz ter esperanças de vir a gostar do autor :)
    Beijos!

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  11. Fiquei mesmo feliz que vocês tenham curtido o review! Eu, como muitos de vcs, tive meu primeiro contato com Alencar através do livro "Senhora" (que adorei!). Já sobre a fase indianista, não sei dizer muito, já que só tentei ler O Guarani, mas não gostei nada, nem consegui terminar a leitura. Já Iracema, tenho certa curiosidade, mas ainda não li nem sequer um trechinho.

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  12. Parabéns pela resenha bem desenvolvida!
    Que Deus continue te abençoando com outras
    resenhas e outros trabalhos,aqui neste espaço!

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